ZENTREVISTA: Fábio Tiepolo
HUMANIZANDO A TECNOLOGIA
A inteligência artificial deixou de ser um conceito futurista para se tornar uma ferramenta essencial no desenvolvimento de startups. No entanto, a corrida pela inovação muitas vezes ignora um fator determinante para o sucesso de qualquer produto ou serviço: a experiência do usuário e a conexão humana. Cada vez mais, especialistas defendem que a verdadeira revolução da IA não está apenas na capacidade de processar dados rapidamente, mas na habilidade de entender o contexto e as emoções do usuário. Para Fábio Tiepolo, CEO da Starya, empresa especializada em agentes de IA para saúde e recursos humanos, startups que priorizam apenas a eficiência algorítmica sem considerar a empatia acabam criando soluções frias e desconectadas da realidade do consumidor. Aos 43 anos, o curitibano é um empreendedor e especialista em inteligência artificial aplicada à saúde. Com anos de experiência liderando startups de tecnologia, Fábio ajudou a revolucionar a maneira como agentes de IA são usados para aprimorar processos em saúde, RH e outros setores. Nesta entrevista ao JORNALZEN, ele fala sobre os desafios que demonstram que o futuro da IA depende cada vez mais de integrar tecnologia com um toque humano.


Por que a conexão humana deve ser levada em conta no uso da Inteligência Artificial?
A conexão humana é crucial porque a tecnologia, sozinha, não resolve problemas de maneira empática ou personalizada. Ao integrar IA com um entendimento mais humano, as soluções se tornam mais eficazes, engajando as pessoas em seus contextos reais, respeitando suas particularidades e garantindo que a tecnologia apoie, em vez de substituir, as interações humanas autênticas.
Até que ponto a IA consegue entender o contexto e as emoções do usuário?
A IA já pode captar elementos básicos de contexto, como o tom da conversa ou padrões comportamentais, mas ainda há limitações em compreender nuances emocionais profundas. Apesar de avanços em modelos de linguagem e análise de sentimentos, a empatia genuína e a percepção de contextos mais complexos ainda dependem, em grande parte, do toque humano.
Quais os benefícios proporcionados pela IA em áreas como saúde e recursos humanos?
Na saúde, a IA pode oferecer triagens mais rápidas, diagnósticos preliminares com maior precisão e acompanhamento contínuo de pacientes, ajudando a prevenir complicações e a personalizar tratamentos. Em RH, a IA auxilia na seleção de candidatos, identifica talentos com maior assertividade e oferece ferramentas de aprendizado e desenvolvimento contínuo. Em ambos os casos, o resultado é maior eficiência, redução de custos e melhor experiência para as pessoas envolvidas.
Como especialista no assunto, quais seriam os pontos de atenção e cuidado com toda essa revolução tecnológica?
Um ponto crítico é a necessidade de transparência nos processos e resultados gerados pela IA. Garantir que os sistemas sejam éticos, seguros e inclusivos é fundamental. Além disso, a privacidade dos dados e a mitigação de vieses algorítmicos são aspectos que devem ser constantemente monitorados. Por fim, a criação de uma governança robusta para a implementação e o uso da IA, alinhada a regulamentações e boas práticas, é essencial para garantir que a tecnologia sirva à sociedade de forma responsável.
Em particular, adota alguma prática voltada ao autoconhecimento?
Em um setor tão dinâmico e desafiador, reservar tempo para reflexão é fundamental. Uma prática útil pode ser a análise semanal de objetivos, desafios e aprendizados, com o objetivo de manter a perspectiva correta diante de mudanças rápidas. Essa rotina, por mais simples que pareça, pode ajudar a tomar decisões mais conscientes e alinhadas aos próprios valores e à visão de longo prazo.
Como avalia a proposta do JORNALZEN, cuja missão é informar para transformar?
Muito importante por mostrar ao público o lado bom das notícias e incentivar outros veículos de comunicação a fazerem o mesmo.
Que mensagem gostaria de deixar para os nossos leitores?
Que a gente não perca de vista o essencial: a tecnologia deve existir para potencializar o que temos de mais humano. A inteligência artificial pode ser uma aliada poderosa, mas são nossas escolhas, valores e conexões que definem o impacto real que ela terá. Que possamos usar esse momento de transformação não só para inovar, mas para construir soluções mais empáticas, justas e inteligentes — no melhor sentido da palavra.